
Uma discussão em torno de um
assunto delicado, ... (continua)
mas que existe há muito na escola, escalou para um tamanho
fora de controle e a equipe da escola foi forçada a chamar uma reunião para
falar sobre o ocorrido.
Na reunião, comentaram que esta
era uma situação usual, pela qual já haviam passado muitas vezes em anos
anteriores e que não entendiam por que este ano havia gerado tanta confusão.
Sem entrar no julgamento de valor
se a escola agiu corretamente ou não, dessa e das outras vezes, eu comentei que
isso não acontecia nos anos anteriores porque não tinha grupo de pais no
Whatsapp.
"Ninguém
levou muito a sério
o comentário, nem mesmo eu."
o comentário, nem mesmo eu."
Ninguém levou muito a sério o
comentário, nem mesmo eu. Mas pensa bem e vê se no final das contas não é isso
mesmo.
As conversas no Whatsapp andam em
tal velocidade que fica quase impossível de uma instituição (qualquer) se
organizar para responder antes que tomem proporções incontroláveis.
E dai fica estabelecido o ruído
e, muitas vezes, problemas que no passado eram resolvidos de forma mais
simples, acabam tomando rumos mais complexos.
Os grupos, a comunicação
instantânea e principalmente os dois tracinhos azuis mostrando que você recebeu
e leu a mensagem, transformaram nossa vida de forma radical. Às vezes, num
inferno.
"As
conversas no Whatsapp andam em tal velocidade que fica quase impossível de uma
instituição (qualquer) se organizar para responder antes que tome proporções
incontroláveis."
Você recebe e lê a mensagem, mas
não responde naquele momento. A pessoa sabe que você viu, que você leu e se
inquieta porque você está demorando tanto pra responder.
Os pais e mães no grupo de
Whatsapp, comentam uma situação ocorrida na escola e a discussão vai se
aquecendo, se inflamando, virando um abaixo-assinado, motivando uma reunião na
escola, sem que ninguém tivesse parado muito tempo para pensar. Principalmente
que está escrevendo no grupo de forma frenética.
Receber uma mensagem da
mãe/namorada/mulher e não responder assim que lê, é encrenca na certa.
Mandar uma mensagem para o
pediatra com uma dúvida qualquer e esperar uma resposta por ali mesmo e rápida,
virou rotina.
Receber um pedido do cliente por
mensagem, sem qualquer formalização, virou corriqueiro e você precisa resolver
o assunto rápido.
Era pra facilitar e agilizar. E
realmente as vezes serve pra isso. Mas o Whatsapp acabou criando um senso de
urgência e uma expectativa de reposta instantânea, que não só não faz sentido
nenhum, como muitas vezes simplesmente atrapalha e muito, tudo e a todos.
Eu confesso não ser um heavy-user
de Whatsapp. Uso bastante pra mandar mensagens individuais, mas não consigo
seguir os grupos. Pelo volume de mensagens e a velocidade com que se dá e se
espera da participação, vai simplesmente se tornando pra mim uma ferramenta
pouco prática que eu procuro sempre substituir por outras, como Slack para
trabalho, o Messenger para conversar com os amigos e o próprio email para uma
série de situações.
Mas o fato é que a ferramenta
está aí, é adotada de forma massiva por nós brasileiros e não há nenhum indício
de que a gente vá mudar este nosso novo hábito no futuro próximo.
Portanto o que precisamos
aprender a fazer é usar com mais adequação e, sobretudo, gerenciar nossa
expectativa, ansiedade e dar um pouco de tempo ao tempo, para que as pessoas (e
instituições), respirem, pensem e consigam resolver melhor as questões
colocadas.
Não é porque temos uma ferramenta
que nos permite conversa instantânea que precisamos nos transformar em escravos
dessa velocidade toda.
Whatsapp: use com moderação. :)
Por Michel Lentz Schwartzman
Fonte: Linkedin
Nenhum comentário:
Postar um comentário